Ainda vale criar conteúdo para topo de funil em 2026?
A cena se repete: você investe tempo e verba para produzir um artigo impecável, do tipo “O que é funil de vendas?”, esperando atrair visitantes qualificados pelo Google. Mas, quando finalmente o post está no ar… nada. Tráfego orgânico morno, poucos cliques, quase nenhum engajamento. E para piorar, é só digitar a mesma pergunta no ChatGPT, ou fazer uma busca no Google, que a resposta aparece ali, mastigada, sem precisar acessar site algum.
Sabe aquela sensação de estar sempre dois passos atrás do algoritmo? Pois é.
- A ascensão da IA está mudando o jogo da busca
- Entendendo o papel original do topo de funil
- O dilema de custo-benefício
- Quando (ainda) faz sentido criar conteúdo de topo de funil
- Reposicionando o topo de funil: de educar para capturar
- Alternativas estratégicas ao conteúdo puramente informacional
- Conclusão: o topo de funil não morreu, mas mudou de nome
A ascensão da IA está mudando o jogo da busca
De 2023 para cá, assistimos à popularização dos modelos de linguagem generativa como ChatGPT, Gemini e Perplexity. Ao mesmo tempo, o próprio Google passou a testar resultados com respostas completas (AI Overviews), cada vez mais empurrando os cliques para o segundo plano.
Estudos apontam que até 70% das buscas informacionais simples são hoje respondidas sem que o usuário precise clicar em nada. Isso significa que o clássico artigo de topo de funil — “como fazer”, “o que é”, “por que usar” — está perdendo espaço.
Mas seria isso o fim do conteúdo de atração?
Entendendo o papel original do topo de funil
Historicamente, o conteúdo de topo de funil tem três funções principais:
- Educar o público leigo
- Gerar tráfego orgânico em larga escala
- Nutrir o visitante até o meio/fundo do funil
Com a IA assumindo o papel de “explicadora oficial da internet”, o item 1 perdeu valor competitivo. E se os cliques não acontecem, o item 2 é comprometido. Logo, o item 3 nem chega a se concretizar.

O dilema de custo-benefício
Criar um bom post de topo de funil exige:
- Pesquisa de palavras-chave
- Estrutura AEO/SEO
- Escrita humanizada
- Otimização técnica (meta, heading, imagens)
- Tempo de produção + revisão + publicação
Tudo isso custa. Se esse post vai competir com uma resposta instantânea da IA, a equação financeira não fecha mais em muitos casos.
E olha que estou falando por experiência própria: já tive artigo com 10 mil visitas/mês que hoje não passa de 300.
Quando (ainda) faz sentido criar conteúdo de topo de funil
Apesar do cenário, há exceções importantes:
- Consultas com intenção mista: onde o leitor quer opinião, experiência ou storytelling (ex: “como foi minha transição de carreira para UX”)
- Termos emergentes ou sem cobertura da IA: novidades, gênios em crescimento, produtos lançados há poucos dias
- Público que ainda pesquisa no Google e confia em blogs: mercados mais tradicionais, segmentos B2B, nichos especializados
Reposicionando o topo de funil: de educar para capturar
Se a IA já responde melhor e mais rápido, seu conteúdo precisa mudar de função:
- De explicar para provocar
- De informar para capturar dados
- De ensinar para gerar conexão pessoal
Isso exige conteúdo com opinião, experiência real, personalidade. Algo que um robô ainda não consegue simular com profundidade.
E aqui vai um ponto de virada: quando comecei a incluir trechos de bastidores dos meus projetos, até os posts mais “básicos” começaram a ter comentários e compartilhamentos.
Alternativas estratégicas ao conteúdo puramente informacional
- Posts que viram recursos compartilháveis: checklists, templates, ferramentas
- Conteúdo opinativo com dados de mercado: o que você viu que mais ninguém comentou?
- Estudos de caso disfarçados de “guia”: como sua empresa resolveu problema X
- Conteúdo feito para Google Discover, não Search: visual, provocativo, humano
- Experiências em primeira pessoa com SEO leve: narrativas reais com leve otimização
Conclusão: o topo de funil não morreu, mas mudou de nome
A resposta à pergunta do título é: depende. Se você continuar produzindo conteúdo que a IA responde melhor que você, então sim, é desperdício. Mas se reposicionar, focar em diferenciar, provocar ou conectar — o topo de funil se torna uma nova porta de entrada para a mente (e não mais apenas para o e-mail) do seu visitante.
A mudança de 2026 é clara: não basta aparecer no Google. É preciso merecer o clique.
E sabe o que é curioso? Os poucos cliques que ainda acontecem hoje valem muito mais. Porque quem clica… quer algo além da resposta. Quer visão, experiência, ou simplesmente alguém que fale com voz humana no meio do ruído digital.